3. Vida Espiritual: Poder
No livro de Atos dos Apóstolos, Lucas relata com riqueza de detalhes como os dons espirituais — manifestações do poder de Deus — começaram a se expressar de forma visível por meio da Igreja. A ação do Espírito Santo não se limitava apenas a experiências pessoais, mas impactava toda a comunidade, tornando os discípulos testemunhas vivas do Reino de Deus. Vejamos alguns exemplos marcantes:
Dom de línguas: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Havia em Jerusalém judeus devotos, vindos de todas as nações. Ao ouvirem o som, uma multidão se reuniu, admirada, pois cada um os ouvia falar em seu próprio idioma. Perplexos, exclamavam: ‘Como isto é possível? Todos esses homens são galileus, e, no entanto, cada um de nós os ouve falar em nossa própria língua!’” (Atos 2.4–8)
Liderança: “Então Pedro deu um passo à frente com os onze apóstolos e, em alta voz, dirigiu-se à multidão: ‘Ouçam com atenção, todos vocês, povo da Judeia e habitantes de Jerusalém!’” (Atos 2.14)
Dom de cura: “Pedro e João olharam firmemente para o homem paralítico e disseram: ‘Olhe para nós!’ O homem os olhou, esperando alguma esmola. Pedro então declarou: ‘Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso lhe dou: Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levante-se e ande!’” (Atos 3.4–6)
Palavra de sabedoria: “Cheio do Espírito Santo, Pedro respondeu: ‘Autoridades e líderes do povo, se hoje somos interrogados por ter feito o bem a um aleijado e por sabermos como ele foi curado, saibam todos que foi pelo nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vocês crucificaram, mas que Deus ressuscitou dos mortos. [...]’ Quando os membros do conselho viram a coragem de Pedro e João, ficaram admirados, pois sabiam que eram homens simples e sem instrução formal, mas reconheceram que eles haviam estado com Jesus.” (Atos 4.8–14)
Generosidade: “Todos os que criam estavam unidos em coração e mente. Ninguém considerava seus bens como exclusivamente seus, mas tudo era compartilhado entre eles.” (Atos 4.32)
Palavra de conhecimento (discernimento sobrenatural): “Então Pedro disse: ‘Ananias, por que você permitiu que Satanás enchesse seu coração? Você mentiu ao Espírito Santo, retendo parte do valor da propriedade. [...] Você não mentiu aos homens, mas a Deus.’ Assim que Ananias ouviu isso, caiu morto. Um grande temor tomou conta de todos que ouviram o ocorrido.” (Atos 5.3–5)
Outros sinais e maravilhas: “Os apóstolos realizavam muitos sinais e maravilhas entre o povo. Cada vez mais pessoas criam no Senhor. Levavam os doentes às ruas para que ao menos a sombra de Pedro os cobrisse ao passar. Multidões vinham das cidades vizinhas, trazendo doentes e atormentados por espíritos impuros — e todos eram curados.” (Atos 5.12–16)
Para utilizar cada dom de forma adequada — no tempo certo e da maneira certa — é indispensável a sabedoria, tema abordado em nossa última aula. É ela que nos ajuda a discernir o momento oportuno e a melhor forma de agir, mesmo diante dos desafios. Por isso, todo cristão é chamado a desenvolver uma combinação harmoniosa entre dons naturais, ministeriais e espirituais. Como diz a Escritura:
“Quem é sábio saberá discernir o tempo e o modo certo de agir, pois há um tempo e um modo apropriado para cada situação, mesmo quando a vida se torna difícil.” (Eclesiastes 8.5–6)
Os dons que Deus nos concede — sejam naturais, ministeriais ou espirituais — podem ser comparados a diferentes tipos de ferramentas em uma caixa: há ferramentas de corte, como o discernimento que separa o certo do errado; ferramentas de pressão, como o encorajamento que sustenta e fortalece o outro; e ferramentas de precisão, como a palavra de sabedoria, que atua com exatidão em momentos decisivos.