3. Práticas Espirituais: Meditação

Mateus, ao caminhar com Jesus, percebeu que o Mestre tinha um conhecimento profundo das Escrituras. Ao longo do seu evangelho, ele registra diversos momentos em que Jesus utiliza a Palavra de Deus como autoridade máxima em suas ações e ensinamentos.

Um exemplo marcante está em Mateus 4:1-11, quando Jesus é tentado no deserto pelo diabo. A cada investida do inimigo, Ele responde com as Escrituras, dizendo: “Está escrito…”, citando passagens do livro de Deuteronômio. Não foram argumentos humanos ou demonstrações de poder, mas a Palavra — firme, viva e eficaz — que Jesus usou como arma espiritual.

Outro episódio significativo aparece em Mateus 22:37-40. Ao ser questionado sobre qual era o maior mandamento da Lei, Jesus resume toda a Escritura com clareza e profundidade: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração… e ao teu próximo como a ti mesmo.” Mais uma vez, vemos que Ele não apenas conhecia profundamente as Escrituras, mas as aplicava como fundamento de sua vida, ensino e ministério.

Esses momentos revelam uma chave espiritual essencial: a meditação na Palavra de Deus é um dos principais combustíveis da vida cristã. Deus mesmo orientou Josué com essas palavras:

“Relembre continuamente os termos deste Livro da Lei. Medite nele dia e noite, para ter certeza de cumprir tudo que nele está escrito. Então você prosperará e terá sucesso em tudo que fizer.” (Josué 1.8)

No original hebraico, o termo usado para “meditar” carrega a ideia de murmurar ou falar baixinho — como quem repete, com reverência, os textos sagrados enquanto caminha, ora ou reflete. É uma prática que envolve não apenas a mente, mas também o coração e a voz, num diálogo contínuo com Deus, buscando entendimento, transformação e intimidade.

Na tradição judaica, essa meditação (em hebraico, hitbodedut ou hagamá) não tem como objetivo o esvaziamento da mente, como acontece em práticas orientais. Pelo contrário: trata-se de um profundo envolvimento com a Palavra de Deus. Meditar, segundo o pensamento hebraico, é refletir, repetir e sussurrar as Escrituras, ruminando seus ensinamentos até que se tornem parte da nossa vida diária.

A ideia é ocupar os lábios e os pensamentos com algo precioso — não com preocupações ou murmurações, mas com a verdade de Deus. Assim como nosso corpo precisa digerir o alimento físico, nosso espírito precisa assimilar e se alimentar da Palavra. É ela que fortalece a fé e sustenta a alma nas batalhas da vida.

Como o próprio Jesus declarou em Mateus 4:4:

“Jesus, porém, respondeu: ‘As Escrituras dizem: Uma pessoa não vive só de pão, mas de toda palavra que vem da boca de Deus.’” (Mateus 4.4)

Portanto, a meditação cristã é ativa e intencional. Envolve refletir, ruminar, declarar e aplicar a Palavra no coração. Em vez de buscar o “nada”, buscamos o “Verbo” — Cristo, a Palavra viva.

Para o cristão, meditar não é esvaziar a mente, mas enchê-la com a verdade eterna revelada nas Escrituras, tornando-se cada vez mais parecido com o próprio Jesus, o Mestre da Palavra.


3.1 A Palavra que Revela Deus

A Bíblia é a Palavra de Deus. Toda a nossa fé, tudo o que cremos e vivemos, tem como base os ensinamentos contidos nesse conjunto de livros sagrados. A própria palavra "Bíblia" significa "coleção de livros" — uma verdadeira biblioteca divina.

Cremos na Bíblia como a verdade absoluta, a referência segura para aquilo que pregamos e praticamos. Ela não é apenas um livro qualquer, mas a revelação do próprio Deus à humanidade. Como está escrito em 2 Timóteo 3:16-17:

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para nos ensinar o que é verdadeiro e para nos fazer perceber o que não está em ordem em nossa vida. Ela nos corrige quando erramos e nos ensina a fazer o que é certo. Deus a usa para preparar e capacitar seu povo para toda boa obra.”

A Bíblia foi escrita por homens inspirados por Deus — pessoas que viveram experiências reais com o Senhor. Deus escolheu se comunicar com o ser humano de forma acessível, usando uma linguagem que pudéssemos compreender.

A Palavra é Uma Pessoa

Cristo é a Palavra de Deus em forma humana. A Bíblia não é apenas um conjunto de textos sagrados — ela revela Jesus. O evangelho de João declara:

“No princípio, aquele que é a Palavra já existia. A Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus. (...) Assim, a Palavra se tornou ser humano, carne e osso, e habitou entre nós. Ele era cheio de graça e verdade. E vimos sua glória, a glória do Filho único do Pai.” (João 1:1,14)

Tudo começa em Cristo e tudo termina nele. Como vimos na primeira aula, mais do que seguir uma religião, fomos chamados para viver um relacionamento real com Deus. E esse Deus deseja se revelar a você — e se relacionar com você — por meio da sua Palavra. A grande pergunta é: até onde você está disposto a ir para conhecê-lo de verdade?

Organização da Bíblia

Antigamente, a Bíblia não era composta por livros encadernados como conhecemos hoje. Ela era escrita em rolos (ou pergaminhos), feitos de couro animal ou papiro, cuidadosamente preparados e costurados em longas faixas que podiam ser desenroladas para leitura. Os textos eram copiados à mão por escribas, que seguiam normas rigorosas para preservar a exatidão das Escrituras.