A identidade de Jesus revela a nossa própria identidade. Em Cristo, deixamos de ser órfãos espirituais e somos restaurados como filhos de Deus, com autoridade de reis e sacerdotes. O apóstolo João expressa essa verdade ao declarar:
"Aquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino e sacerdotes para o seu Deus e Pai — a Ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos." (Apocalipse 1:5-6)
Se temos um propósito, significa que esse propósito foi definido antes mesmo da nossa existência. Assim como uma fábrica define o objetivo de um produto antes de fabricá-lo, Deus definiu o nosso propósito antes de nos formar:
"Criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou." (Gênesis 1:27)
Fomos criados para refletir a imagem de Deus. Porém, o pecado nos deformou, e a imagem original foi corrompida. A boa notícia é que Jesus veio para nos transformar, restaurando aquilo que foi perdido. Resumindo:
Deus nos formou – identidade de filhos
O pecado nos deformou – perda da identidade (órfãos)
Jesus nos transformou – restauração da identidade de filhos
Mesmo após a cruz, essa restauração não acontece automaticamente. Ela é fruto de um relacionamento diário com Deus, por meio de Jesus e do Espírito Santo. Cada um tem um papel nessa jornada:
Ao abrirmos a porta do relacionamento com Deus, passamos a descobrir quem Deus é — e, como consequência, descobrimos quem nós somos.
Deus nos criou para sermos filhos, e isso implica em relacionamento, não em religião. A religião é uma estrutura criada por homens para tentar se aproximar de Deus. Já o relacionamento é um fundamento criado por Deus para que vivamos em comunhão com Ele.
Assim como Mateus encontrou sua verdadeira identidade na vida de Jesus — sendo transformado de um cobrador de impostos para discípulo, evangelista e apóstolo — nós também iniciamos nossa jornada cristã descobrindo quem Deus é para então compreender quem somos nós.
A jornada de identidade não termina na conversão. Ela é contínua e só será concluída quando estivermos diante do Senhor, face a face.
A vida de Jesus, conforme narrada nos Evangelhos, não é apenas um relato histórico ou religioso — é uma revelação transformadora sobre quem Deus é e quem nós somos n'Ele.
Cada detalhe da vida de Cristo, desde Sua genealogia até os presentes recebidos ao nascer, comunica sua identidade como Rei, Sacerdote e Profeta. E, ao conhecermos essa identidade, somos convidados a reconhecer a nossa.
Assim como Mateus teve sua história ressignificada ao encontrar Jesus, também somos chamados a uma nova identidade: de órfãos espirituais a filhos de Deus, de deformados pelo pecado a transformados pela graça. Esse processo de restauração não é instantâneo, mas uma jornada contínua de relacionamento com Deus, conduzida por Jesus e pelo Espírito Santo.
A verdadeira identidade não se descobre em nós mesmos, mas em Cristo. Quando o conhecemos, compreendemos nosso valor, propósito e destino eterno. E essa jornada não termina aqui — ela caminha rumo ao dia em que veremos o nosso Criador face a face, completamente restaurados à sua imagem. Até lá, seguimos sendo transformados, de glória em glória, pela presença viva de Jesus em nós.