Da mesma forma, para que a chama do Espírito Santo continue acesa em nossas vidas, não basta apenas a presença do Espírito. Precisamos oferecer um “combustível” espiritual, que vem através de práticas como:
Essas disciplinas mantêm viva a presença do Espírito em nós, assim como o oxigênio mantém viva a chama.
“Não apaguem o Espírito.” (1 Tessalonicenses 5.19)
2.1 A Vida Espiritual de Jesus
Mateus viu na vida de Jesus um exemplo vivo de como manter a chama do Espírito Santo acesa por meio das disciplinas espirituais.
Logo após ser batizado por João Batista, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para um período de provação. Ali, Ele jejuou por 40 dias em preparação para enfrentar as tentações. Mesmo sendo 100% Deus, Jesus não menosprezou o desafio, pois também era 100% homem. Ele não derrotou o inimigo com demonstrações sobrenaturais de poder, mas com sabedoria, discernimento e, principalmente, com a Palavra de Deus (Leia Mateus 4:1-11.).
Após vencer a tentação, Jesus iniciou seu ministério público e proferiu uma das mensagens mais marcantes da Bíblia: o Sermão do Monte (Mateus 5 a 7). Nele, apresentou os valores do Reino de Deus, tratou das bem-aventuranças, das intenções do coração e da aplicação da Lei de Moisés. No capítulo 6, Ele deu orientações práticas sobre três pilares da vida espiritual: oração, jejum e meditação na Palavra:
“Quando você orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.” (Mateus 6:6)
“Quando jejuar, unja a cabeça e lave o rosto, para que não pareça aos outros que você está jejuando, mas apenas a seu Pai, que vê em secreto. E seu Pai, que vê em secreto, o recompensará.” (Mateus 6:17-18)
Mateus destaca em Jesus uma vida espiritual consistente e nutrida diariamente por práticas que o mantinham em plena comunhão com o Espírito Santo. Sua rotina incluía:
Meditação na Palavra: A Bíblia é a Palavra de Deus — a fonte da nossa fé, verdade absoluta que sustenta tudo o que cremos e vivemos. Por meio dela, conhecemos o caráter de Deus e o propósito para nossas vidas. Como está escrito:
“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça.” (2 Timóteo 3:16)
Oração: A oração é o meio pelo qual nos relacionamos com Deus. Assim como existem diferentes níveis de relacionamento entre pessoas, a oração revela a profundidade do nosso relacionamento com o Pai. Mais do que pedir, orar é ouvir, conversar e estar sensível à voz de Deus.
Jejum: O jejum é a prática de abrir mão de alimentos, total ou parcialmente, por um tempo determinado, com o propósito de fortalecer o espírito e enfraquecer a carne. Jejuar não muda Deus, mas transforma a nossa disposição interior, alinhando-nos com o Espírito.
Dicas práticas para cultivar um relacionamento com Deus:
Acorde um pouco mais cedo para meditar e orar;
Reduza o tempo diante da TV, computador ou celular;
Reavalie seus hábitos e corte o que for supérfluo.
Quanto mais tempo você investe em buscar a Deus, mais clara e forte se torna a chama do Espírito em sua vida.
O jejum é uma disciplina espiritual fundamental na vida cristã. Trata-se de uma prática voluntária na qual o crente se abstém de alimentos com o objetivo de buscar mais intensamente a presença de Deus. Diferente de um ato meramente religioso, o jejum bíblico é profundamente relacional: é uma resposta sincera à necessidade de intimidade com o Senhor, arrependimento ou direção espiritual.
Em Mateus 6:16-18, Jesus orienta seus discípulos sobre como jejuar de forma correta. Ele deixa claro que o jejum não deve ser feito para autopromoção ou aparência religiosa. Em vez disso, Jesus nos ensina a praticá-lo em segredo, diante de Deus, com alegria e discrição. Essa instrução revela que o jejum não é para impressionar os outros, mas para nos conectar com o Pai que vê em secreto e recompensa com profundidade espiritual.
O profeta Joel, no Antigo Testamento, também destaca o jejum como um ato de retorno ao Senhor. Em Joel 2:12, Deus conclama o povo: “Voltem-se para mim de todo o coração, com jejum, lamento e pranto”. Aqui, o jejum é visto como um sinal externo de um coração quebrantado e arrependido. Trata-se de uma prática que acompanha momentos de profunda contrição e restauração espiritual. A motivação correta para jejuar não é a autopunição, mas o desejo sincero de reconciliação com Deus.
No Novo Testamento, vemos que a igreja primitiva também utilizava o jejum em momentos decisivos. Em Atos 13:2-3, enquanto os líderes da igreja em Antioquia jejuavam e oravam, o Espírito Santo falou, separando Barnabé e Saulo para a obra missionária. O jejum, nesse contexto, não apenas intensificou a adoração, mas criou um ambiente sensível à direção divina. Isso mostra que o jejum é uma ferramenta poderosa para discernimento, consagração e sensibilidade espiritual.
O jejum tem como um de seus propósitos principais a submissão da carne ao Espírito. Quando jejuamos, negamos os impulsos naturais do corpo para lembrar que nossa verdadeira fonte de vida é Deus. Como disse Jesus: “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4:4). O jejum enfraquece os desejos carnais e fortalece a comunhão com o Espírito Santo. Ele não é uma barganha com Deus, mas uma forma de alinhamento espiritual.
Além disso, o jejum intensifica a busca por Deus. Ele cria espaço interior, afasta distrações e nos ensina a depender mais do Senhor do que das provisões terrenas. Ao jejuar, o coração se volta com mais foco para a oração, a meditação na Palavra e a adoração. O jejum aprofunda o clamor da alma, porque demonstra com atitudes aquilo que muitas vezes as palavras não conseguem expressar: "Senhor, eu preciso mais de Ti".
Outro efeito poderoso do jejum é o aumento da sensibilidade espiritual. Muitos cristãos relatam que, durante períodos de jejum, sentiram maior clareza ao ouvir a voz de Deus, experimentar direção, ou até mesmo consolo e revelação. O jejum remove o ruído interior e aguça os sentidos espirituais, tornando o coração mais receptivo à atuação divina.
A Bíblia apresenta diferentes formas de jejum. O jejum total, como o de Ester (Ester 4:16) ou de Paulo após sua conversão (Atos 9:9), é uma abstinência completa por um tempo limitado. Já o jejum parcial, como o de Daniel (Daniel 10:2-3), envolve a renúncia de certos alimentos ou práticas. Também há jejuns individuais e coletivos, dependendo do momento e da necessidade. Em todos os casos, o foco é o mesmo: aproximar-se de Deus com humildade, fé e sinceridade.
Jesus, nosso maior exemplo, jejuou por 40 dias no deserto antes de iniciar seu ministério (Mateus 4:1-2). Ali, Ele enfrentou tentações, fortaleceu-se espiritualmente e confirmou seu compromisso com o Pai. O jejum foi parte do processo de preparação para o cumprimento da sua missão — e também é um convite para nós: nos prepararmos, consagrarmos e vivermos plenamente a vontade de Deus.
Por fim, o jejum deve ser sempre acompanhado de oração, arrependimento e um coração voltado para Deus. Não se trata apenas de abster-se de comida, mas de encher-se do Espírito. Quando jejuamos com a motivação correta, entramos em um lugar de rendição profunda, onde o nosso interior é moldado, nossos ouvidos são afinados e nossa alma é fortalecida para caminhar com Deus com mais fervor e clareza.
Ao observarmos a vida de Jesus por meio dos olhos de Mateus, encontramos um modelo prático e acessível de espiritualidade verdadeira. Jesus, mesmo sendo o Filho de Deus, demonstrou completa dependência do Espírito Santo, e isso se refletia em suas atitudes, escolhas e hábitos diários.
Ele nos ensinou que a força espiritual não vem de demonstrações externas de poder, mas da intimidade com o Pai, cultivada em secreto — por meio da meditação na Palavra, da oração e do jejum. Essas práticas não são religiosas por si só, mas sim ferramentas que alimentam a nossa comunhão com Deus e mantêm viva a chama do Espírito em nosso interior.
A vida espiritual não é algo automático, mas resultado de uma decisão diária de buscar, ouvir e obedecer. Assim como Jesus se retirava para orar, meditava nas Escrituras e jejuava para fortalecer seu espírito, nós também somos chamados a fazer o mesmo. Não porque somos obrigados, mas porque desejamos nos parecer mais com Ele.