7. Festas Bíblicas de Primavera
As quatro festas bíblicas da primavera — Páscoa, Pães Asmos, Primícias e Pentecostes — descritas em Levítico 23, fazem parte do calendário sagrado estabelecido por Deus para Israel. Elas não eram apenas datas religiosas ou agrícolas, mas encontros divinos marcados pelo próprio Deus, momentos em que o céu tocava a terra e o povo era chamado a lembrar-se da sua fidelidade. Cada festa possuía um significado histórico ligado ao Êxodo, mas também carregava um profundo sentido espiritual e profético, apontando para a obra redentora de Jesus Cristo. Em hebraico, essas datas são chamadas Moedim, que significa “tempos determinados” ou “encontros marcados”, revelando que Deus colocou marcos ao longo da história para revelar seu plano eterno e conduzir seu povo à comunhão com Ele.
1. Páscoa (Pêssach)
A primeira festa da primavera é a Páscoa (Pêssach), celebrada no dia 14 de Nisã. Israel recordava o livramento da escravidão no Egito, quando o sangue do cordeiro preservou os israelitas da morte (Êxodo 12). Essa noite marcou o início da redenção nacional e da travessia rumo à Terra Prometida. Contudo, esse evento apontava para uma realidade maior: Jesus Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, foi crucificado no período da Páscoa, cumprindo perfeitamente o significado profético da festa. Assim como o sangue do cordeiro livrou da morte, o sangue de Cristo nos salva da condenação eterna e nos reconcilia com o Pai (1 Coríntios 5:7). A Páscoa revela o início da jornada da fé: somos redimidos pelo sangue para viver em liberdade.
2. Festa dos Pães Asmos (Matzot)
Após a Páscoa começa a Festa dos Pães Asmos (Matzot), celebrada por sete dias, quando o fermento era removido das casas como símbolo de purificação e santidade. Historicamente, lembrava a pressa na saída do Egito; espiritualmente, representava a santificação que segue a redenção. Esse significado se cumpre no sepultamento de Jesus, que permaneceu no túmulo sem corrupção — o pão sem fermento, santo e puro. Cristo é o pão vivo que desceu do céu (João 6:51), e sua vida perfeita nos chama a remover o “fermento velho” e a viver em santidade. Não basta sair do Egito; é necessário deixar o Egito sair de dentro de nós. A libertação começa na cruz e continua na transformação do coração.
3. Festa das Primícias (Yom HaBikkurim)
A terceira festa, Primícias (Yom HaBikkurim), era celebrada no primeiro domingo após a Páscoa. O sacerdote apresentava os primeiros frutos ao Senhor como ato de consagração e gratidão. Profeticamente, essa festa aponta para a ressurreição de Jesus Cristo, que ocorreu exatamente nesse dia. Cristo tornou-se as primícias dos que dormem (1 Coríntios 15:20) — o primeiro da nova criação e a garantia de nossa ressurreição. Assim como o sacerdote apresentava os primeiros frutos, Cristo apresentou-Se ao Pai como o primogênito dentre os mortos. As Primícias celebram a vitória da vida, afirmando: porque Ele vive, nós viveremos.
4. Pentecostes (Shavuot)
Cinquenta dias depois, o ciclo culmina em Pentecostes (Shavuot), festa da colheita do trigo e memória da entrega da Lei no Sinai. Era tempo de alegria e renovação da aliança. Em Atos 2, essa festa encontra seu cumprimento pleno no derramamento do Espírito Santo. Assim como o fogo desceu no Sinai para escrever a Lei em pedra, o fogo do Espírito desceu para escrevê-la nos corações (Jeremias 31:33). Pentecostes marca o nascimento da Igreja e inaugura o tempo do Espírito, no qual somos capacitados a viver e anunciar o evangelho. Cumpre-se a promessa: “vocês receberão poder” (Atos 1:8). O mesmo Espírito que veio naquele dia continua movendo e enviando a Igreja hoje.
Assim, as quatro festas da primavera formam um quadro profético perfeito: Páscoa — a cruz; Pães Asmos — a santificação; Primícias — a ressurreição; Pentecostes — o poder do Espírito e a missão. Elas revelam a ordem divina da redenção: morte, purificação, vida nova e capacitação espiritual. Cada festa é uma janela no tempo pela qual Deus manifesta seu plano e chama seu povo a caminhar com Ele.
Conclusão do Módulo 1
Ao concluir este estudo no Módulo 1 do STEP ONE, percebemos que essas festas não são apenas memórias históricas, mas realidades espirituais vivas. A Páscoa nos lembra da libertação pelo sangue; os Pães Asmos nos convocam à santidade; as Primícias confirmam nossa esperança na ressurreição; e Pentecostes nos envia em missão no poder do Espírito. Tudo isso converge para o mandamento de Jesus: “Ide e fazei discípulos” (Mateus 28:19). A fé verdadeira não é estática; ela se transforma em missão, serviço e testemunho.
O Deus que marcou a redenção na história continua marcando tempos de propósito em nossa vida. Ele nos chama a viver o evangelho diariamente — celebrando a libertação, crescendo em santidade, anunciando a ressurreição e servindo no poder do Espírito Santo. Que o nosso coração arda como o dos discípulos em Emaús, e que o fogo de Pentecostes nos impulsione até que Cristo volte. O convite está feito e o tempo é agora: vamos viver o “ide” e participar da grande colheita do Reino de Deus.